Como o Controle de Emissões de Gases Estufa Está Afetando o Setor de Transporte Marítimo
Globalmente, o setor de transporte é responsável por cerca de 16,2% das emissões de gases do efeito estufa. Quando falamos desse tipo de emissão, sempre nos vem à mente carros ou aviões – entretanto, os navios/barcos envolvidos no transporte de mercadoria globalmente são responsáveis por uma parte significativa dessas emissões. De fato, de acordo com a Associação Internacional de Energia (International Energy Association, IEA), esse setor foi responsável por cerca de 2% das emissões globais de CO2 em 2022.
Recentemente, entre 3 e 7 de julho de 2023, os Estados-Membro da Organização Marítima Internacional (IMO, International Maritime Organization) – agência das Nações Unidas responsável pela segurança e proteção do transporte marítimo e prevenção da poluição marinha e atmosférica por navios – encontraram-se no Comitê de Proteção do Meio Ambiente Marinho (MEPC 80), decidindo adotar a 2023 IMO Strategy on Reduction of GHG Emissions from Ships (Estratégia de Redução da Emissão de GHGs de Navios de 2023 da IMO). Trata-se de uma atualização da Estratégia inicial de 2018, com objetivos ambiciosos como alcançar emissões líquidas zero de gases do efeito estufa (Greenhouse Gases, GHGs) até 2050, o que só será alcançado com uma redução de quase 15% entre 2022 e 2030.
Atingir esse objetivo reside principalmente na utilização de combustíveis alternativos – ou “combustíveis do futuro” – dentro do setor de transporte marítimo. O Global Maritime Forum (Fórum Marítimo Global), o The Global Centre for Maritime Decarbonisation (Centro Global para a Descarbonização Marítima) e o Maersk Mc Kinney Møller Center for Zero Carbon Shipping (Centro Maersk Mc Kinney Møller para Transporte de Carbono Zero), realizaram em conjunto uma pesquisa com empresas líderes do setor, a fim de entender como elas estão lidando/vão lidar com essas mudanças induzidas pelos novos padrões climáticos estabelecidos.
De acordo com a pesquisa, até 2050, 45% dos respondentes planejam adotar óleo combustível/biocombustível, metano, metanol e amônia. Outros 43% planejam utilizar três “famílias” de combustível diferentes, enquanto outros 49% deverão adotar quatro ou mais “famílias” – a pesquisa abordou seis “famílias” de combustível diferentes, listados na tabela abaixo traduzida diretamente do arquivo disponibilizado com os resultados da pesquisa.
Tabela 1. Combustíveis levantados durante a pesquisa.
Fonte: Global Maritime Forum, Maersk Mc Kinney Møller Center for Zero Carbon Shipping, The Global Centre for Maritime Decarbonisation – “The shipping industry’s fuel choices on the path to net zero”. Adaptado.
Devido às opções variadas sendo consideradas pelos líderes do setor, esse cenário tem sido referenciado como um “futuro multicombustível”. Frente a esse contexto, a indústria deverá continuar se adaptando para que as frotas possam operar plenamente com esses combustíveis do futuro. De forma geral, esses combustíveis possuem características diferentes dos combustíveis fósseis utilizados atualmente, e, portanto, geram problemas de lubrificação particulares que exigirão novas formulações de lubrificantes. Outros casos, como o do hidrogênio verde, em que a energia é gerada a partir da reação de hidrogênio com oxigênio dentro de uma célula combustível, não necessitam de lubrificação.
Dessa forma, as mudanças necessárias para atender às exigências de controle de emissões pelo transporte marítimo não só atingem o mercado de combustíveis como um todo, mas também o mercado de lubrificantes. Para mais informações sobre o tópico, acesse nosso post “Combustíveis do Futuro: Transformando a Indústria de Lubrificantes Marítimos”, que versa particularmente sobre os combustíveis do futuro e seu impacto no mercado de lubrificantes marítimos. Para detalhes mais aprofundados, acesse a brochura do estudo Global Marine Lubricants: Market Analysis and Opportunities da Kline, que se trata de uma análise compreensiva da indústria global de lubrificantes marítimos seguindo a introdução dos óleos para cilindros de categoria II (sobre os quais falamos no texto em nosso blog), perturbações comerciais e econômicas decorrente de desenvolvimentos geopolíticos, combustíveis do futuro, entre outros. O relatório aborda tendências, desenvolvimentos, mudanças, desafios e oportunidades de negócios no setor de transporte/lubrificantes marítimos, e deverá ser publicado no segundo semestre de 2023.
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