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O que é carne Cultivada – E Será que Alguém Vai Consumi-la?

Culinária gourmet, nova culinária francesa, cozinha de fusão... carne cultivada em laboratório?


Essa última opção pode não trazer imagens de estrelas Michelin, mas a carne cultivada em laboratório – mais comumente chamada de carne artificial – está sendo anunciada por toda parte como a próxima grande novidade. Mas o que ela é exatamente, e como é feita?



“A carne cultivada é fabricada a partir da coleta de células musculares de um animal vivo” diz Yann Pencole, Diretor de Produtos de Consumo da consultoria de gestão da Kline. As células são então alimentadas e nutridas para que se multipliquem, criando o tecido muscular, que é o principal componente da carne que consumimos.

Apesar do recente tsunami de propagandas positivas sobre a carne artificial, Pencole não parece estar totalmente convencido. “Embora seja extremamente atraente pensar em usar células microscópicas para reduzir em muito os problemas mais presentes no mundo, a comunidade cientifica internacional é muito mais reservada sobre os benefícios da carne cultivada”, diz ele. “Os dados não indicam se a carne cultivada realmente oferecerá soluções realistas, e nem se sabe ainda para qual lado penderá a relação custo-benefício dela”.


Apesar disso, as startups estão apostando no futuro da carne artificial, com o número de empresas aumentando de apenas quatro em 2016, para 60 em 2020. Os investimentos no segmento de carne cultivada também cresceram exorbitantemente, totalizando U$360 milhões em 2020, seis vezes o crescimento de 2019.


Por que pode ser vantajoso?


No papel, a carne cultivada parece milagrosa. De acordo com as estimativas, a pecuária é responsável por aproximadamente 14,5% do total das emissões de gases do efeito estufa em todo o mundo, sendo que cerca de dois terços dessas emissões provêm da criação de gado. Investir na carne cultivada pode reduzir essas emissões em até 96% - uma contribuição gigantesca no combate ao aquecimento global e às mudanças climáticas.


A carne artificial também pode ter um impacto amplamente positivo na segurança alimentar mundial, incluindo a liberação de terras agrícolas. Alegadamente a terra seria usada 60-300% e 2000-4000% mais eficientemente se aves e carne bovina, respectivamente, fossem cultivadas.


Há também benefícios para a saúde, uma vez que a carne cultivada é livre de antibióticos e também pode ser suplementada com vitaminas e minerais não presentes na carne natural. Por último, mas não menos importante, a transição para a carne artificial preservaria a vida de incontáveis animais.


Por que pode ser apenas uma novidade?


Na opinião de Pencole, a carne cultivada está recebendo tamanha atenção por um motivo: “A novidade carne artificial é um tópico maravilhoso para a mídia cobrir”, diz ele - mas as notícias estão omitindo algumas informações vitais. Por exemplo, usando a tecnologia atual, a carne cultivada consiste principalmente de fibras musculares - sem vasos sanguíneos, sem tecidos conjuntivos, sem ossos. Como resultado, a gama de nutrientes difere daquela da carne convencional - e, como observa Pencole, “Ninguém sabe ainda o que essa diferença significará para o corpo humano”.


Outra preocupação levantada é que se a carne cultivada provar ser muito mais barata do que a carne tradicional, as pessoas podem comer mais carne vermelha. Uma pesquisa mostrou que uma dieta rica em carne vermelha pode aumentar o risco de diabetes tipo 2, de doença coronariana, de derrame e de alguns tipos de câncer.


Além das preocupações nutricionais, existem também limitações técnicas e regulatórias assustadoras que precisarão ser resolvidas antes que a produção comercial de carne cultivada possa ser alcançada. Os especialistas também debatem sobre os benefícios ambientais que estão sendo promovidos: para atender à demanda global por carne cultivada, inúmeras fábricas seriam necessárias, cada uma delas exigindo uma quantidade gigante de energia e lançando CO₂ na atmosfera - não muito diferente do gado expelindo metano, um potente gás de efeito estufa. Pior ainda, o CO₂ leva muito mais tempo do que o metano para se dissipar.


Ademais, há o detalhe importante de perdas de empregos e lucro entre os agricultores em todo o mundo, em toda a cadeia de abastecimento de carne - e em toda a economia - se o produto não for para o mercado. E, finalmente, o sucesso da carne cultivada em última análise resume-se a questão: ela terá ou não o mesmo gosto da carne suculenta com a que estamos familiarizados?


No Brasil, proteínas que imitam o gosto de carne animal utilizando apenas ingredientes vegetais estão tornando-se cada vez mais confiáveis e conquistando cada vez mais consumidores. Gigantes como a BRF vêm realizando investimentos fora do país nas tecnologias necessárias para a confecção de carne cultivada, e há promessas de que, até 2025, esse produto estará nas prateleiras dos supermercados brasileiros. Um dos maiores empecilhos para esse tipo de produto, porém, é o alto custo da tecnologia, que faz com que o preço do quilo da carne cultivada chegue a custar cerca de 5,5 mil reais. Além disso, a agropecuária é uma das atividades econômicas mais desenvolvidas no Brasil, ou seja, a transição para um mercado significativo de carne artificial tem à sua frente o empecilho do impacto econômico na pecuária brasileira. Ainda assim, é um mercado que merece ser estudado e observado, mediante o cenário favorável que vem se formando no Brasil.


Para mais informações sobre esse mercado no Brasil, entre em contato conosco através dos números 11-3624-8719 / 3624-8718, ou nos contate via e-mail em contato@factorkline.com.br.


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