Argentina oscila: o novo presidente Milei é motivo de otimismo para o setor agrícola?

Tradução do Artigo de Laura Macheca, Diretora do Setor de Agroquímicos e Produtos de Limpeza I&I da Kline&Co 

Ao final de novembro, a Argentina elegeu um presidente liberal, o economista Javier Milei, que promete reduzir o tamanho do estado e substituir a moeda do país pelo dólar americano. 

A Argentina é a terceira maior economia na América Latina, mas décadas de má gestão econômica resultaram em repetidas crises, taxas de inflação crescentes, dívidas e a expansão do comércio ilegal de dólares.

As estatísticas mais recentes são duras: cerca de 40% dos argentinos vivem na pobreza, o crédito bancário é quase inexistente – com taxas de juro de 78% - e a inflação está atualmente acima de 140%, sendo que deve atingir 210% até o final de 2023, de acordo com estimativas da JP Morgan. 

A economia argentina oscila em recessão, com salários valendo menos e com consumidores recorrendo às suas últimas economias para pagar por necessidades básicas. Milei se comprometeu a fechar o banco central da Argentina e apoiou o processo de “dolarização”, o que significa que a Argentina não utilizaria mais o peso como moeda, e sim o dólar americano. 

O novo presidente também prometeu cortar o governo “inchado” e reduzir gastos desnecessários. Ele culpa o banco central pela impressão desenfreada de dinheiro, resultando nas taxas de inflação atuais. Durante sua campanha, Milei disse que reduziria os gastos do Estado e abandonaria 10 ministérios do governo. 

Em uma de suas primeiras entrevistas após sua eleição, o presidente avisou que o processo de “domar” a inflação e pôr em prática seus planos de reformar o Estado levariam até dois anos. “Tudo que pode ficar nas mãos do setor privado ficará nas mãos do setor privado”, disse Milei, incluindo a estatal de óleo Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF) e a mídia estatal. 

Milei tomou posse no dia 10 de dezembro, e no primeiro dia útil a partir de sua eleição (terça-feira, 21 de novembro), o mercado de ações da Argentina reagiu com otimismo, subindo em 14% no geral, enquanto as ações da YPF cresceram mais de 34%. 

Outro mercado que reagiu positivamente com a eleição de Milei foi o mercado agropecuário, uma vez que os planos da nova administração e as mudanças políticas devem reforçar a produção e a exportação.

A Argentina é um dos maiores exportadores globais de soja, milho, trigo e carne – entretanto, os produtores de grãos e criadores de gado têm lutado por anos contra taxas e limitações que, conforme eles, dificultam a exportação de cereais e carne. Somado a isso, em 2022 e 2023, a importante produção de grãos do país foi severamente impactada pelas condições climáticas altamente secas, oito ondas de calor e a pior seca que vivenciaram em 60 anos. 

A indústria profissional de controle de pestes na Argentina não ficou imune às realidades brutais da economia: a Syngenta deixou recentemente o segmento, e existe um mercado ilegal significativo para o controle profissional de pestes.

“A volatilidade do câmbio exerce um papel importante no mercado profissional de controle de pestes, uma vez que as matérias-primas são adquiridas em dólares pelos fornecedores químicos, mas os operadores de controle de pragas negociam na moeda local, ARS (pesos)”, diz Laura Macheca, Diretora do Setor de Agroquímicos da Kline.

“Distribuidores maiores têm a capacidade de negociar em ambas as moedas, mas os distribuidores menores negociam majoritariamente em ARS, o que os torna mais suscetíveis às flutuações econômicas”.  

Atualmente, a Kline & Co está conduzindo uma pesquisa primária nesse mercado e deverá publicar um relatório com estimativas e previsões ao final deste ano. O estudo “Professional Pest Management Markets for Pesticides: Market Analysis and Opportunities”, da Kline, fornece insights do mercado, vendas por tipo de peste, por fornecedor, por marca, por ingrediente ativo, por forma de produto, além de projeções de mercado de cinco anos. O estudo cobre 13 regiões diferentes, incluindo o Brasil e a Argentina.

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