Como Vai O Mercado de Brightstocks?
De acordo com a FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico), óleos básicos brightstock são misturas de petróleo compostas, principalmente, por hidrocarbonetos saturados com cadeia carbônica entre 15 e 50 átomos de carbono. Esse tipo de óleo é comumente utilizado na elaboração de lubrificantes de média a alta viscosidade, como os automotivos, marítimos e ferroviários. Juntamente com outros óleos neutros, são usados em proporções variadas em formulações de lubrificantes para misturar vários graus de lubrificantes acabados.
No mercado automotivo, os brightstocks são utilizados para formular óleos de motor mais pesados como os SAE20Ws e os monograduados. Entretanto, a demanda global por esse tipo de óleo está diminuindo, concentrando-se em regiões como a África, o Oriente Médio, a América do Sul, e certas partes da Ásia-Pacífica e da Europa Ocidental. Os brightstocks são muito utilizados na formulação de óleos para engrenagem, que são uma fonte chave de demanda. Produtos como fluídos de transmissão aromáticos (FTAs) são produzidos em viscosidades mais baixas e não necessitam de brightstocks em suas formulações.
No mercado industrial, os brightstocks são aplicados majoritariamente em óleos de processamento de borrachas, de engrenagem, marítimos e graxas.
A resiliência dos Brightstocks
Nos últimos 15-20 anos, o mercado global de óleos básicos do Grupo I enfrentou desafios devido à queda da demanda técnica e à competição crescente com óleos básicos de alta performance. Consequentemente, o fornecimento dos óleos do Grupo I foi impactado, com a capacidade global de óleos básicos do Grupo I diminuindo em quase 20% entre 2010 e 2020. Em contrapartida, o fornecimento de brightstocks mostrou-se resiliente, e sua redução em capacidade (9% de redução em relação à capacidade de 2010) foi muito menor que a redução enfrentada pelos óleos básicos do Grupo I.
Enquanto a capacidade do Grupo I tem sido continuamente racionalizada, sem nenhum ajuste em mais de 15 anos, a capacidade de brightstocks tem acumulado novas adições de capacidade e expansões, tanto com projetos greenfield, como em projetos de desgargalamento. A Luberef, por exemplo, expandiu sua capacidade de brightstocks em 2017; a Ergon começou a produzir brightstocks do Grupo I em sua refinaria de Vicksburg (E.U.A), utilizando óleos brutos naftênicos; a SK passou a produzir brightstocks do Grupo II em sua refinaria em Ulsan - entretanto, a empresa cessou sua produção há alguns anos. A PetroChina, em Karamay, China, produz brigthstocks do Grupo II utilizando óleo bruto naftênico como fonte. Assim, os óleos básicos brightstock sempre se mantiveram como produtos de interesse apesar de suas quedas no mercado geral de óleos do Grupo I.
A resiliência dos brightstocks pode ser atribuída a uma variedade de fatores:
Há um número limitado de substitutos disponíveis no mercado. Os brightstocks possuem alta viscosidade, e produzi-los numa refinaria de Grupo II é um processo desafiador – e eles não podem ser produzidos em refinarias de Grupo III.
A produção de brightstocks oferece uma margem maior para as refinarias do que outras categorias do Grupo I, o que garante maior segurança contra a deterioração das condições do mercado de óleos do Grupo I.
Substitutos sintéticos como as poli-alfaolefinas e o poli-alquileno glicol são muito caros. Apenas os poli-isobutilenos chegam perto de oferecer qualquer justificativa técnico-comercial para substituição.
Sustentabilidade e seu impacto
Historicamente, os fechamentos do Grupo I foram impulsionados pelo fornecimento do mercado e pela demanda. A concorrência crescente vinda dos óleos básicos do Grupo II e do Grupo III encurralou os óleos básicos do Grupo I, mesmo em várias aplicações industriais onde o uso de óleos básicos do Grupo II e III não são tecnicamente certificados. Ao passo que o uso de óleos básicos do Grupo II e III expandiu-se em uma ampla gama de formulações, os formuladores preferiram usá-los em outras aplicações, uma vez que isso garantia vantagens logísticas e de armazenamento. Dessa forma, a demanda pelos óleos básicos do Grupo I decaiu mais rapidamente.
Entretanto, durante os últimos anos, o mercado passou por mudanças significativas, e espera-se que o contexto do fornecimento global de óleos básicos seja alterado por fatores além da relação oferta-demanda. Para alcançarem seus objetivos em relação às emissões de carbono, as empresas de energia ao redor do mundo estão se reformulando, focando mais em fontes renováveis e se comprometendo em reduzir sua pegada de carbono no segmento de combustíveis fósseis.
A ENEOS, no Japão, anunciou o fechamento de duas refinarias (ambas produtoras de óleos básicos do Grupo I), a fim de alcançarem seus objetivos de descarbonização ao longo-prazo. A Shell planeja racionalizar sua refinaria em Singapura, o que também impactará a produção de óleos básicos – a empresa adiou em alguns anos seus planos de fechamento, mas espera-se que ele deve ocorra eventualmente.
Perspectivas futuras de fornecimento e alternativas
A perspectiva de demanda para os brightstocks é melhor que aquela para outras categorias do Grupo I, resultando num interesse contínuo nesse mercado. No entanto, existe uma preocupação relacionada à disponibilidade de brightstocks, uma vez que ela pode decair frente qualquer fechamento futuro no Grupo I, visto que algumas plantas de produção do Grupo I também produzem brightstocks. Para resolver o provável déficit no mercado de brightstocks, duas novas capacidades devem ser instaladas, ambas as quais produzirão brightstocks em uma refinaria do Grupo II.
A ExxonMobil planeja estabelecer uma refinaria do Grupo II com capacidade de 20 KBD, o que também inclui a capacidade de produzir óleos básicos de altíssima viscosidade (EHC 340 MAS com viscosidade entre 32,5 e 35,5 cSt a 100°C), até 2025. De forma parecida, o Lotos Group, na Polônia, está aprimorando sua refinaria em Gdansk para produzir óleos básicos do Grupo II até 2025. Essa refinaria também produzirá brightstocks do Grupo II.
As principais vantagens dos brightstocks do Grupo II são seu menor teor de enxofre e sua cor mais clara. Isso os torna adequados para serem aplicados em graxas (onde sua transparência melhora a cor do produto final) e onde o baixo teor de enxofre é desejável. Por outro lado, brightstocks do Grupo II têm problemas com solubilidade. No entanto, isso pode ser contornado com a adição de fluidos que melhoram a solubilidade.
Um dos meios mais simples de lidar com o déficit de brightstocks é reformulá-los utilizando proporções mais altas de óleos neutros pesados e quantidades menores de brightstocks. Entretanto, essa alternativa é limitada, pois a substituição além de um limite exigiria a adição de espessantes. Existem alguns substitutos sintéticos disponíveis para suprir o déficit de brightstocks, incluindo PIB, PAO e PAG, dentre os quais o PIB apresenta a solução mais tecnicamente e comercialmente viável.
Existem vários níveis de flexibilidade na substituição de brightstocks por substitutos em diferentes aplicações. Certas aplicações, como a marítima, são influenciadas pelas recomendações dos fabricantes. A substituição de brightstocks exigiria um grande investimento para aprovações, o que geralmente é um processo demorado. Outras aplicações são relativamente menos dependentes da aprovação dos fabricantes - a substituição de brightstocks nessas aplicações depende de fatores como adequação técnica, disponibilidade e preço.
Resumo
As restrições na oferta de brightstocks, que devem evoluir no futuro, tornam o produto uma commodity deficitária. Com a aceitação dos brightstocks do Grupo V e do Grupo II na indústria, um novo horizonte se abriu para o mercado. No entanto, os volumes gerados a partir dessas classes de brightstocks podem não ser capazes de compensar a queda no fornecimento de óleos básicos decorrente do fechamento das fábricas de óleos básicos do Grupo I.
Espera-se que a crescente escassez de brightstocks, no longo prazo, aumente seu preço, o que, por sua vez, impulsionará as categorias premium em contraste com óleos neutros leves. O crescimento dos premiums levará a uma maior taxa de substituição, bem como a uma diminuição na demanda gerada por aplicações sensíveis a custo.
Além disso, a escassez de oferta incentivará os formuladores a desenvolver novas formulações e reformular lubrificantes com PIB e outros substitutos. Embora os substitutos para os brightstocks enfrentem relativamente menos barreiras, o preço e a ampla disponibilidade seriam os principais fatores limitantes nos quais os fabricantes de substitutos precisam se concentrar.
O Global Business Outlook for Brightstocks da Kline está programado para ser publicado no primeiro trimestre de 2023. O relatório se concentrará nas principais tendências, desenvolvimentos, desafios e oportunidades de negócios no mercado global de brightstocks, cobrindo os mercados da África e do Oriente Médio, da Ásia-Pacífico, da Europa, da América do Norte e da América do Sul. Para mais informações, entre em contato com a Factor Kline:
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