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Depois da tempestade, vem a bonança

Diretor de consultoria vislumbra dias melhores para o mercado de lubrificantes no Brasil, mas alerta para a necessidade das revendas se adaptarem a uma nova realidade.

Sérgio Rebêlo, diretor da Factor-Kline, empresa associada à Kline na América Latina, define os anos de 2014 a 2016 como “destruidores de valor no negócio de lubrificantes no Brasil”. Ele acredita, porém, que haverá uma situação mais favorável a partir de 2017, com crescimento lento, de no máximo 1,5% ao ano, até 2021. E mais: o cenário será propício ao redimensionamento e, consequentemente, fortalecimento dos produtores, forçando uma readequação nos modelos de negócios das revendas. O consultor foi um dos participantes da mesa executiva “Tendência do mercado de combustíveis, lubrificantes e aditivos”, durante o Congresso e Feira de Negócios Ercom e Ealub, realizado pelo Recap e Sindilub, dias 23 e 24 de novembro, em Campinas.


A Kline é uma empresa global de consultoria e pesquisa de mercado que faz um mapeamento do setor de lubrificantes em 77 países, considerando aspectos qualitativos e quantitativos, como volume de mercado; segmentação; marketing share de empresas; tendências tecnológicas; aspectos regulatórios; e fornecimento de óleos básicos e aditivos.


Desafios da revenda


Rebêlo avalia que, com o ritmo lento de crescimento do mercado de lubrificantes no Brasil e a baixa lucratividade, há um favorecimento ao redimensionamento das operações, com mais fusões e aquisições, buscando a redução de custos. Ele cita como exemplos a união entre Ipiranga e Chevron, anunciada recentemente, e a expectativa por uma profunda reformulação na BR.


“Com isso, os produtores de lubrificantes vão conseguir trazer pouco do valor que escapou nos últimos anos. O setor vai buscar, então, esse valor nos demais elos da cadeia, como os atacadistas e outros distribuidores, além dos fornecedores de matéria-prima e aditivos. Isso vai colocar um desafio importante ao canal de distribuição no Brasil, que ainda é bastante assimétrico em relação aos fornecedores”, explica.


De acordo com ele, “com os fornecedores mais fortes e rígidos, o atacadista vai ter de ser readequar, porque na hora em que os produtores estiverem mais consolidados, buscando mais margem para eles, vão esperar o mesmo do canal distribuidor da revenda. A revenda não pode ser pequena, desorganizada e desestruturada. A maioria dos distribuidores vai ter de se profissionalizar e buscar ganhos de escala”.


Cenário


O diretor da Factor-Kline faz ainda uma comparação entre o mercado de lubrificantes no Brasil e no mercado internacional. Ele lembra alguns números, citando que a produção global é estimada em cerca de 39,5 milhões de toneladas de lubrificantes.

A América do Sul representa 6% desse total, sendo que o Brasil é o único país da região a aparecer nos top 10 do mercado mundial de lubrificantes, na sexta colocação. Especificamente do continente sul-americano, o país representa quase 55% do mercado.


Rebêlo também lembra que o mercado tem crescido pouco globalmente nos últimos dez anos, em torno de 1% ao ano, principalmente por dois motivos. O primeiro foi a forte crise econômica nos EUA e Europa entre 2008 e 2009. O segundo fator que teve impacto da mudança de perfil de lubrificantes utilizados.


Neste segundo caso, ele reforça que “os veículos, atualmente, têm motores menores e muito mais eficientes do ponto de vista energético. É um motor mais leve, mas que gera muito mais potência. Isso exige lubrificantes de qualidade muito superior. E isso propicia tempos de troca muito maior. Ou seja, no passado, se trocava o lubrificante a cada cinco mil quilômetros rodados. Atualmente, se troca a cada dez mil ou até, em alguns casos, em quinze mil quilômetros rodados. Por conta dessa mistura de questões econômicas e tecnológicas, o mercado de lubrificantes, em nível global, cresceu muito pouco”.


O consultor ressalta, porém, que até 2013 a China e a América do Sul vinham crescendo. A evolução da economia chinesa levou a um aumento da frota de veículos automotivos no país. O Brasil e outros países vizinhos pegaram carona, com a valorização das commodities negociadas com o gigante asiático.


A China começou a dar sinais de arrefecimento do crescimento e isso, evidentemente, impactou negativamente na América do Sul. “Isso foi refletido no mercado de lubrificantes. Em 2015, o Brasil foi o mercado, de 77 países que avaliamos na Kline, foi o que caiu mais. Já são três anos seguidos de quedas no mercado de lubrificantes: 2014, 2015 e 2016. Na soma, tivemos quase 15% de volume a menos, na comparação com 2013. Alguns segmentos predecessores do uso de lubrificantes, como a produção de veículos, teve quedas que chegam a 50% nos últimos três anos. É uma crise sem precedentes na história brasileira”, alerta Rebêlo.


Esperança


O executivo afirma que o período de 2014 a 2016 foi muito ruim para o mercado brasileiro de lubrificantes. “A gente teve decréscimo de volume. Os preços, por conta da redução do volume e da competição acirrada, também ficaram deprimidos. As matérias-primas para fabricação dos lubrificantes, que no mundo todo caíram com a queda do petróleo, no Brasil subiram por causa da desvalorização do câmbio. Isso sem falar no aumento da taxa de juros, que tornou o custo de capital mais alto”, reflete.


Na opinião de Rebêlo, no entanto, “a perspectiva para a frente é mais favorável. Com certeza, a fase mais negativa do decréscimo já foi. O mercado começa a crescer novamente o ano que vem, cerca de 1% a 1,5% ao ano, até 2021. Muito provavelmente vamos ter uma situação onde o câmbio não será mais tão penalizado. O viés ainda é favorável a uma desvalorização do Real, mas com certeza não na magnitude dos últimos anos. E claramente existe uma tendência de melhoria do custo de capital por conta da redução das taxas de juros. O vetor que era muito negativo até 2016, com certeza muda de mão e fica mais positivo, mas longe de ser o período que vivemos até 2013. Será uma recuperação relativamente lenta”.




Nota: Este artigo foi escrito por Renato Vaisbih, Revista Sindilub Press 03/06 - 2016 nº 121 página 20-21. Para acesso a matéria original, clique aqui!

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