Impacto da Falta de Semicondutores no Mercado de Lubrificantes
Apesar da recuperação significativa do mercado automotivo após a pandemia, a indústria ainda não está totalmente estabelecida, enfrentando problemas especificamente com a escassez de chips, que impacta diretamente a produção automotiva, como mencionamos em nosso último post, “Demanda Alta de Chips e Semicondutores, Falta de Suprimentos”.
Em meio a isso e aliado a um cenário econômico mais desafiador – inflação e guerra na Europa – temos também um cenário de mudanças nas preferências e nos critérios de compra do consumidor pós-pandêmico, influenciadas especialmente pela maior preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade. São tempos de mudanças e desafios para o mercado automotivo – e a indústria de lubrificantes, tanto automotivos como industriais, mudará junto, com os fabricantes sendo afetados diretamente.
Impacto Nos Lubrificantes B2B – Factory Fill e Industrial
Como mencionado, a indústria automotiva ainda não se recuperou totalmente – inclusive, em frente à escassez de chips que vem sendo enfrentada, diversas fabricantes, como a Toyota, Honda, Ford, GM, Tata e Nio; chegaram a fechar algumas de suas plantas em 2021. Dessa forma, na frente B2B, o impacto da indústria automotiva na indústria de lubrificantes será focalizado nos volumes de factory fill, ou seja, nos volumes de óleo que já vêm instalados da fábrica e, portanto, estão diretamente relacionados à produção automotiva. Além disso, a demanda por fluídos metalúrgicos e de manutenção (MWFs, do inglês Maintenance and Metalworking Fluids), utilizados nas fábricas de montagem e de produção de componentes automotivos, deverá ser gradual e irregular, dependendo da estrutura, das operações, da manutenção e da cadeia de suprimentos de cada fábrica.
Normalmente, uma linha de produção se constitui como a integração complexa de diversos pedaços de equipamento e máquinas. Dependendo do tipo de operação, os fabricantes combinam reservatórios centrais e isolados de lubrificantes para a lubrificação de seus equipamentos/máquinas. Assim, a menor utilização ou o desligamento parcial de unidades de produção não causa um declínio definitivo na demanda por MWFs e outros fluídos de manutenção de fábrica. No caso do primeiro, os cálculos para modelar o impacto são mais complexos devido à sua vida útil pré-definida, a qual é regida pela atividade biológica e pelas práticas e processos individuais de cada fabricante. Entre os tipos de MWFs, o impacto nos óleos puros e nos óleos premium de remoção e emulsão miscíveis em água será relativamente mais fácil de decifrar, devido ao seu uso final específico e por ser reservado isoladamente. Já o impacto nos MWFs convencionais pode variar dependendo das cadeias de suprimentos dos componentes dos automóveis e dos modelos de fornecimento das fabricantes originais de equipamento. Fluídos preventivos e de tratamento sofrerão impacto proporcional à sua exposição na indústria de componentes automotivos de metal e aos mandatos emitidos pelas fabricantes originais de equipamentos para os fornecedores desses componentes.
Ainda, as tendências da indústria automotiva impactarão algumas indústrias de matéria-prima que utilizam óleos industriais gerais e óleos de processo, como é o caso das indústrias de metais, borrachas e plásticos. Além disso, a desaceleração das indústrias de processamento impactará diretamente as indústrias de extração, como a de mineração, de refino e a petroquímica, onde as menores taxas de utilização afetarão o consumo dos diversos lubrificantes utilizados tanto em equipamentos de rotação/móveis, como em equipamentos estacionários.
Impactos Nos Lubrificantes Para Consumidores (B2C)
As implicações da indústria automotiva na frente B2C serão mais amplas que na frente B2B. Devido às paralisações e à falta de suprimentos, o tempo de espera mais longo, juntamente com o aumento nos custos dos insumos, incluindo do combustível, repercutirão no mercado de automóveis novos e no mercado de reposição de peças automotivas. Todos esses fatores, associados a um maior nível de incerteza econômica, afetarão como o consumidor pensa, encolhendo o grupo de novos compradores, ou forçando os consumidores a comprometerem suas aspirações de compra originais, ou seja, obrigando-os a selecionar um veículo usado ou um modelo de menor nível do mesmo fabricante, ou escolhendo um fabricante diferente na mesma categoria de veículo. Todas essas mudanças afetarão a demanda por lubrificantes automotivos – volumétrica e qualitativamente. As vendas de óleos de motor premium de baixa viscosidade, como os 0Ws e os 5Ws, serão impactadas à medida que os clientes optarão por óleos de motor de maiores viscosidades e mais econômicos, como os 20Ws, enquanto maximizam a vida útil de seus veículos novos ou usados recém-adquiridos. O uso de graxas premium utilizadas em componentes de preenchimento vitalício e em fluidos de transmissão será afetado da mesma forma.
Os canais de distribuição de lubrificantes também serão afetados por essas mudanças. As concessionárias das fabricantes vivenciarão perdas em seus negócios de serviços, ou observarão uma dispersão de veículos em período de garantia, ao passo que os consumidores mudam suas fabricantes de preferência, dependendo do tempo de espera. O mercado de carros usados também está passando por mudanças estruturais em diversas regiões, com a rápida expansão de negócios organizados, juntamente com as vendas concentrando-se cada vez mais nos veículos usados. Devido à essa tendência, e ao consequente aumento na idade média dos veículos, as oficinas independentes serão beneficiadas a curto prazo. Além disso, espera-se que, à medida que os modelos de negócios dos fornecedores de veículos usados amadurecerem, seus serviços de valor agregado, incluindo manutenção de veículos e serviços aos clientes, expandirão, tornando-os canais importantes para a comercialização de lubrificantes.
Em relação direta ao que mencionamos anteriormente neste texto e em nosso texto “Demanda Alta de Chips e Semicondutores, Falta de Suprimentos”, a tabela a seguir fornece uma visão simplificada do impacto que a escassez de semicondutores, em conjunto com a eletrificação de veículos, terá no consumo de lubrificantes em vários setores de uso final, juntamente com o tipo de lubrificante afetado. A escala e a duração do impacto dos lubrificantes variam de acordo com a estrutura e o perfil dos clientes que compõem o setor de uso final, as práticas operacionais e de fornecimento e, em última análise, a exposição do negócio à cadeia de valor automotiva.
Por meio de sua pesquisa continua, o time de energia da Kline continua a expandir seu conhecimento sobre a interação entre diversos setores de uso final e aplicações dos lubrificantes, a fim de simular o impacto em tempo real dos desenvolvimentos na indústria de lubrificantes e as adjacências em curto, médio, e longo prazo. A Kline continua acompanhando vários desenvolvimentos ligados à evolução dos ecossistemas, a necessidades específicas dos consumidores, aos avanços em tecnologia, à digitalização e à sustentabilidade, com o objetivo de definir futuras oportunidades e oportunidades já existentes, visando apoiar as ambições e incentivar o crescimento de suas indústrias e clientes.
Para mais informações sobre o mercado futuro de lubrificantes, fale conosco por meio dos contatos listados abaixo.
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